domingo, 11 de outubro de 2015

    Como ser transparente se seu lado transparente é ridículo? "AH, pelo menos um lado ele tem próprio, pelo menos ele tem algo seu". É eu tenho meu negável lado ridículo, meu "self", mas quero ser algo legal e ser algo legal é negar o seu "self", negar você mesmo para existir como ideal dos outros. Eu estou matando meu eu, por isso eu penso que sou que dizem de mim, por isso me importo tanto, porque eu estou afastado de mim e perto demais do ideal dos outros e do que os outros querem.
    Vou tentar ser eu, pelo menos uma vez na vida, e me permitir ser ridículo, ridículo demais, mas irei mandar o meu superego tomar no cu e esquecerei que é ridículo, não considerarei ridículo e serei eu. Eu não posso interpretar papéis o tempo inteiro, a curtina nunca fecha, é uma encenação constante. Eu tenho que ser o cara legal que escuta eles falarem merda mas concorda com eles, o que escuta as mesmas músicas e tem os mesmos gostos literários e artítisticos clássicos como eles? Tenho que ser tão sofisticado, ter vivências internacionais, ligação com as outras culturas do mundo e saber sobre manifestações culturais muito peculiares, e conhecíveis apenas a pessoas "vividas"?
     Começo na Grécia né?, depois vou em Roma, ler Platão e depois Horácio. Atualmente pegarei algum autor bem conceitual e idolatratei a ele, como um fã das maravilhas underground da arte. Eu quero absorver a arte como se absorve a cultura, quero ter e ser a própria arte, a manifestação de um ser de um quadro, com paisagens e uma história. Eu sou parte de toda essa merda que no futuro nos anos 2080 vão estudar no livro, verão o 11 de setembro diferente de mim que cronologicamente estive no fato, mas deixa eu ver um fato do Brasil em que eu estive cronologicamente inserido, ah, o feminicídio sendo enxergado pela Justiça brasileira. O Jogo de 7 a 1 com a Alemanhã? Talvez isso esteja nos livros. Eu presenciei, então faço parte desse livros, estou no imaginário de todos os curiosos, embora a imagem não correspondam a mais que uma mera especulação. Então como um ser no mundo, individual e dono de um mundo seu, protagonista da própria vida, vou viver para mim e não para os outros, mesmo gostando de músicas  bregas, romances exagerados, filmes dramáticos de Ingmar Bergaman que senhoras idosas assistem (conheci um cara cuja mãe era fã), e tantas outras esquisitices, MESMO ME ACHANDO UM LOUCO QUE NÃO SABE CUIDAR DE SI MESMO, como posso me amar se faço tanta merda e sofro tanto? Se não sendo '"eu", eu já faço merda, imagina sendo? Eu poderia até sofrer mais por esse mais-excesso de sinceridade (porque excesso eu já tenho), e isso me atrapalha em alguma coisas.
       Não sei com o "quê" vou sonhar hoje (o quê: o objeto), mas não quero que seja com morte de novo, como foi ontem. Estou até feliz mas estou acabado, já vai dar 6 horas e eu ainda não dormi, meu sono esta uma merda, todo desregulado, até meus pensamentos estão desordenados, tô até achando que existe uma lógica interna, que Aristóteles e Chomsky estavam certos. Se existisse uma lógica interna isso seria o fim das relativizações e singularidades, seria algo dado genéticamente, isso seria determinismo, e seria cruél a natureza priorizar uns e fuder com os outros, isso seria rebaixar a loucura a uma deficiência corporal, física, biológica, dada pela natureza por uma falha no processo, o louco seria uma falha que não alcançõu a lógica por deficiências. O louco não teria seu mundo, teria acesso ao mundo "legítimo" de forma limitada porque "a loucura o limitaria". Acho a loucura brilhante demais para ser renegada, ela é mal trabalhada e mal vista como - se a busca do sujeito "normal" para a realidade dos filmes ou das drogas não fosse uma busca pela loucura! Usam a loucura e depois se desfazem dela com vergonha, para depois usarem de novo, por uma busca por prazer, depois voltam para a razão e fingem que nem conhecem a loucura. A loucura é nossa Geni.

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