domingo, 30 de agosto de 2015

Psicólogo pra quê? as coisas não dependem de você?

     

    Caralho! Eu fico aqui pensando pra que serve a psicologia, num país onde praticamente todo mundo se entope de ansiolíticos ela deveria ajudar, mas ela é uma exclusividade de quem tem dinheiro; já a medicina moderna (que abrange a psiquiatria, óbvio) esta presente em todos os lugares, oferecendo vícios como se fossem ajuda. Tenho algumas divergências com a psicologia, mas acho que seria melhor que ela fosse tão social quanto a medicina, em casos de pânico, depressão ou neuroses ela ajudaria mais pois ela não vicia, e se alguém é viciado em consultas psicológicas eu tenho certeza isso não acarreta em ressaca, é uma possibilidade nula (aqui, parto da hipótese de que ela funciona).

     Acredito que o psicológico produz sintomas físicos, então para reduzir a dependência do paciente com o psicólogo, esse profissional aplicaria métodos, quem porventura sofresse de uma dependência psicológica aguda, seria condicionado a não tê-la, caso a psicologia não conseguisse mudar essa dependência isso mostraria que ela é uma farsa. A psicologia não estuda o ser humano para intervir? afinal ninguém vai no psicólogo pra sair exatamente como chegou, se ela falha no que se propõe, então ela não serve pra nada; não tem essa de culpar o paciente, pois o profissional é que detém o discurso da cura, espera-se que ele esteja ali para ser efetivo, que ele conduza a consulta e dê a contratransferência necessária, se ele não é capaz disso, então pra quê psicólogo então?

   Quem faz análise ou vai a psicólogos deveria saber que esses profissionais não são seus amiguinhos, são profissionais que estão sendo muito bem pagos para cumprir com sua obrigação PROFISSIONAL, se ele joga a responsabilidade do trabalho em você, e diz que "esta tudo nas suas mãos" ele não esta trabalhando, é como contratar um encanador e ouvir dele que você é quem deve consertar a pia, ou ouvir do encanador que ele VAI TENTAR consertar a pia e que não é responsabilidade de consertar a pia é mais sua do que dele, mesmo sendo ele o encanador, o profissional responsável em consertar pias.

    Os behavioristas tinham mais senso de responsabilidade, ao menos no que tange a quem é o profissional e quem é o paciente. Com a revolução cognitiva da década de 50 os psicólogos perderam essa noção.          

     Mais uma estadia no inferno com o Rivotril:   Uma das piores coisas do Rivotril é quando você acorda depois de tê-lo tomado pra dormir. Você sente um frio descontrolado e seu corpo todo treme, se a temperatura esta baixa então, parece que você fica 10x mais sensível a ela. Basta 1/4 do comprimido pra resolver isso, é do mesmo jeito que acontece com o álcool, basta uma cerveja pra acabar com a ressaca.

   Eu tentei evitar esse estado horrível pós-rivotril tentando não tomá-lo nessa madrugada, tomei vários sachês de capim santo, muito mesmo, pra ver se me dava sono, entretanto eu apenas fiquei com o corpo leve e nada do sono chegar. As horas foram passando, amanheceu, ou eu tomava 1/2 de Rivotril ou eu não dormiria, para evitar passar 24h sem dormir eu tomei o MALDITO. 

   No começo do tratamento do Rivotril tem gente que ama o comprimido, cansei de ouvir relatos de que ele é maravilhoso, que pessoas estressadas deveriam usá-lo e um monte de blá blá blá, mas tenha um relacionamento a longo prazo com esta "maravilha" e você vai ver o inferno que isso é.

    

"Vou te viciar na minha droga" - Indústria farmacêutica

   A dependência do Clonazepam é uma merda, se eu estou abstêmio e mal, basta que eu tenha o comprimido em mãos para que eu me sinta melhor; ele passa tranquilidade e segurança na verdade ele foi o único lugar onde achei tranquilidade e segurança; eu poderia ter encontrado um centro de outras maneiras, mas ao invés de me darem amor me deram remédios.

   A minha vida também não chega a ser autossuficiente porque tenho um remédio que supre algumas necessidades emocionais, eu sempre estou à caça de alguém que suplante o clonazepam e me dê segurança e tranquilidade. O que eu queria não era me viciar em outro ser, mas tê-lo como um co-construtor de mim, onde numa interação (positiva) eu tivesse ferramentas para aprender a ser livre, não ter medo ou vergonha de mim, não me cobrar tanto a ponto de ser despótico comigo mesmo.

   Hoje um parente estava com umas caixas de Citalopram, estavam perto do vencimento e ele conseguiu pegar para entregar a um tio meu. Eu pensei em ficar com pelo menos uma caixa, na tentativa de artificializar a minha vida, colocar uma porra de uma cor, completar os espaços, viver na utopia, mas sem me desligar totalmente da realidade (se você se desliga totalmente, você é cuspido do mundo, como vemos nos hospícios). Não fiquei com a caixa, eu sei como são os antidepressivos por experiência própria, eles não te deixam chapado de modo que você perceba, você simplesmente esta chapado e nem disso você se dá conta, diferente da maconha, a chapação do antidepressivo não "abre a sua mente", ela te prende na sua visão monolítica, você deixa de amadurecer porque o mundo exterior não interage com o seu mundo.

    Não sei se passei o sentido errado, não sou contra a viver cada qual em seu mundo com seus antidepressivos, mas sei o quanto isso me prejudicou, porque eu poderia ter dialogado mais com o externo, eu poderia entendê-lo melhor agora, e é justo agora, sem antidepressivo que estou refletindo.

   A respeito das drogas ilícitas, considero-as melhores que antidepressivos. Não experimentei todas, pelo contrário, tenho muito pouca experiência com as ilícitas, dependendo da droga o desligamento do mundo não ocorre, algumas parecem te desligar, mas estão te mandando mensagens através de sensações que nem sempre são boas, apesar de tudo, no final existe a reflexão. Não é algo universal, nem é fácil de explicar, mas mesmo não tendo controle de si, você "sente", com o antidepressivo não, a experiência com a viagem é um estado inefável que eu estou aqui tentando descrever. Quando você tem uma bad, você acaba caindo na real sobre certas questões na sua vida, e com antidepressivo você não cai na real, então você fica estagnado.

   Chega a ser irônico que drogas que te deixam tão alheios são legais e as que te abrem a mente, ilegais. Quando dizimaram os índios da europa, usaram o tão aclamado álcool (deixaram os índios alheios e viciados), a droga que se usa em família como um elemento confraternizador.

    Então o Estado propõe que você pode se desligar do cotidiano se quiser, mas tem de ser com a droga que ele escolher, seja ela viciante, cheia de efeitos colaterais ou tão deletérias a ponto de superar em danos muita droga ilegal por aí. A droga dada pelo Estado não é uma droga qualquer, é uma ferramenta de controle, é uma droga alienadora, que te dessubjetiva, que não leva à reflexão. Falei que droga prescritiva era viciante. mas vou endossar: E como vicia! Efeitos colaterais? É o que não falta, sendo as vezes necessário outro alopático pra acabar com o efeito colateral do remédio anterior.

    O Estado te obriga então a ir em lugares onde você nunca foi, tratar com pessoas que você nunca viu, em um ambiente completamente tenso; quem vende esta em estado de alerta para não ser preso, podendo desconfiar de você ou ser na melhor da hipóteses apenas hostil --na melhor! Quem compra não sabe nem o que esta comprando, já que não tem essa de analisar detalhadamente o produto, isso quando se consegue comprar, porque num ambiente onde reina o medo de ser preso, os que vendem preferem vender pra alguém conhecido --o intermediário.

     Alguns lugares são ruas desertas, no topo de uma ladeira, com pouca luz, às vezes você entra em uma zona praticamente fechada, onde todos se conhecem e não há fluxo de pessoas, senão dos próprios moradores, logo, você é o desconhecido ali, você esta só. Tudo isso pra comprar uma porra de um prensado e fazer o que você quiser com SEU corpo, usando a droga que você escolheu, por meios legais você não tem autonomia sobre o seu corpo, ele só constitui o corpo social e a merda do Estado maneja.

     A merda do Clonazepam é péssimo pra largar, principalmente pra quem deposita nele um papel de centro, mas culpa é de quem usa então? Não! A culpa é do próprio comprimido que te faz se sentir O Poderoso Chefão, a culpa é de quem prescreve essa porcaria para todo mundo e para quase tudo, ele vicia quimicamente e a própria caixa alerta sobre isso. Se não me fosse dado o Clonazepam eu teria outros meios para construir minha segurança, mas resolveram atrasar isso, uma medida bem fácil para os meus pais, porém difícil para mim que tenho de lidar com vários efeitos colaterais e o vício. E eu não escolhi, eu era uma criança, não sabia nem quais eram os remédios que estavam me dando.


segunda-feira, 24 de agosto de 2015

A sua droga não é melhor que a minha

   Hoje de madrugada não fui dormir, fiquei acabando meu relatório de pesquisa. Fiquei acabando e ainda não acabei, falta um gráfico, algumas observações e as referências bibliográficas. Às 8h da manhã, acabado (o sujeito do texto, não o relatório), após xícaras de café e muito cigarro, fui dormir. 
   Acordei com o despertador ao meio-dia, foi uma merda pq acordei me tremendo numa espécie de ressaca de estimulantes, liguei o maravilhoso foda-se e tomei meio comprimido do não menos maravilhoso Rivotril. Não estou me tremendo nem um pouco agora, vai ver era uma manifestação leve de abstinência, já que sou viciado nele há anos. 
   Queria dormir as horas que me faltou pra completar a cota de sono, me arrependo só um pouco por não ter ido dormir, eu tinha que acabar esse relatório ou quase isso.
   Tem uma porção de arroz na minha frente e tudo que eu quero é não olhar pra ela; estou pensando em tomar mais 0,5 de Rivotril, quero ficar mais alheio a toda essa merda de cotidiano. Na faculdade é um saco, vejo só idiotas que pensam que sabe alguma coisa da vida, quando na verdade são só pedantes medíocres. Em casa eu tenho um monstro que chamo de mãe, um covarde que com muito desgosto chamo de pai... bela "família", só em pensar nessa palavra eu engulho. 
    Outra coisa que me deixa engulhado é gente com ideais burgueses, então, se você vive na sua bolha de vidro e se arroga o direito de julgar outrem -- porque ACHA que sua opinião elucubrada vale mais do que o discurso de quem sabe o que passa -- vaza caralho! Não é a porra do seu mundo.
     No mais, estou feliz pela minha optativa de filosofia, oferecida pelo departamento de ciências sociais, de resto da minha vida tá aquela velha bagunça: com pais bem filhos da puta; sem dinheiro; sem apetite; sono desregulado etc, etc, etc. O Rivotril não dá conta! Ele não melhora em nada minha vida, só me previne de sua abstinência e crises de pânico.
     Algo que me tira muito bem de toda essa merda é a maconha, ela não me dispersa dos problemas, ela me faz lidar com eles de uma forma menos traumática, pra mim ela é estimulante de apetite, ansiolítica, auxiliante na concentração, reguladora de sono, a minha saúde emocional e física se beneficia. MAS... o Estado não esta a serviço do povo, senão a serviço de seus próprios interesses e da burguesia, enquanto houver antagonismos de classes haverá abusos da classe dominante, que se reverberá no imposição do modo como temos de agir, cui bono?
     Por outro lado o que não falta é antidepressivos e porcarias psiquiátricas no mercado, "se você esta se sentindo mal consigo ou com alguma situação, use depressivos ou alguma droga do nosso arsenal farmacológico". Não dão sequer escolha, o Estado trata nosso corpo como sua propriedade, esses imbecis das universidades que militam por partidos de esquerda são retardados ou o quê? Não se trata de Estado vs Burguesia, se trata de ambos contra você, e quando lutam entre si é apenas para disputar quem terá a exclusividade do poder. 
     "Mas você esta usando maconha como muleta." E se eu estiver? Qual o problema? Seria diferente me entupir de antidepressivos ou me entupir de igreja? O corpo é meu e tenho o direito de fazer o que quiser com ele, seja por motivos recracionais ou terapêuticos, muletas cada um tem as suas, mas preferem negativar as muletas do outro.
      Seria melhor para mim fumar minha maconha, fazer meu relatório tranquilo, não ter me acabado de café e cigarro a noite inteira e ainda ter tomado Rivotril ao acordar. Meu pouco arrependimento por ter madrugado seria nulo, pois eu teria começado a fazer o trabalho mais cedo, com mais tranquilidade e não precisaria madrugar. Aguentar aquele pessoal medíocre da faculdade seria menos tenso, assim como aguentar esses "pais". Identificar os problemas na raíz e tentar resolvê-los significaria fugir deles, como quem muda de emprego por stress, então fuga por fuga, prefiro a maconha, a vida é dura e no fim sempre apareceriam novos problemas para eu fugir na tentativa de erradicá-los. Ou você acha que religião, esportes ou hobbies em geral existem pra quê, senão para fugir das merdas do cotidiano?