Médicos em geral
abusam de você. Parece que para ele você não é sujeito com
problemas pessoais que reverberam em seu comportamento, o que importa
para eles é o que você fez, a partir da visão sobre o que você
fez; eles tentam te “ajudar” da mesma forma que “ajudam” todo
o resto. Eles esquecem uma coisa chamada “subjetividade”; lembro
das minhas leituras de Foucault e vejo que o filósofo não esta
apenas certo, e vejo também que a medicina continua a mesma –
focada no positivismo e excluindo singularidades do sujeito, tudo
para que nós nos transformemos em mais um tijolo na parede.
A tentativa médica de
nos enquadrar é falha e perversa. O NOSSO corpo deixa de ser nosso e
passa a ser deles, pois a “vontade de verdade” que os médicos
possuem, vira desculpa para nos silenciar. Pois “ele sabe”. No
fim das contas os médicos não sabem, porque ele aplica a um o que
aplica a todos e vice-versa.
A arrogância médica
é notória, eles pensam que pairam sobre o mundo. Além de tudo,
observa-se uma frieza, um modo glacial de tratar as pessoas. Entendo
que o emprego é corrido e devem dar conta de todos, afinal, a
medicina é social, mas eles assumem a postura de deuses, fazem de
seu emprego um panteão, onde eles mesmos se adoram e exigem que os
outros o faça.
As pessoas chegam no
hospital como o pó do que foram, elas esperam o cuidado, esperam das
cinzas renascerem, e esperam do médico isso. Mas o sujeito recebe
sermões das enfermeiras e a frieza de todo mundo que jaz ali, depois
sai pior do que entrou, porque ao invés do cuidado o sujeito é
colocado em situações embaraçosas, têm seu corpo automatizado e
sua subjetividade é negada por esses profissionais de saúde. Como
eu falei no início do texto, eles não se interessam por nada mais
que não seja o que você fez, mas o que te levou a fazer certas
coisas é o que configura a gênese do que te levou a estar ali, sem
essa “gênese” nem ali você estaria.
Há quem adore a
medicina e pensa que os médicos são médicos porque se importam com
a humanidade. Que falácia! Quem se importa não te trata como
máquina, quem se importa quer saber os porquês, até a própria
psiquiatria, que seria responsável pela resolução de conflitos
internos para que você tenha qualidade de vida, não se importa com
“o que te levou”. Não falo isso por uma má experiência com um
único médico, falo por ter tido contato com uma quantidade
considerável de médicos, que vai desde clínico geral até
psiquiatras.
Conquanto eu tenha
minha queixas a respeito dos médicos , ainda assim minha revolta é
contra o positivismo. Contra a universalização, ao apagamento do
sujeito, todas essas variáveis que tornam a medicina um saco. O
médico na posição em que esta é levado pela alienação a ter um
comportamento positivista, universalizante, frio até, o próprio
trabalho os leva a frieza, lidam com gente morrendo e sofrendo o
tempo inteiro, um suicida pra eles é inócuo.
No fim das contas “não
é problema deles”, eu só não suporta a falácia da medicina como
produto do amor. Quem ama não só enxerga outro, existe alteridade,
coisa que os médicos não tem por excesso de contingência e pela
banalidade do sofrimento alheio. Eles fazem umas perguntas e depois
tomam decisões, onde esta ao alteridade?, vejo é autoridade.
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