segunda-feira, 12 de outubro de 2015

Eu ando acordando tarde, dormindo pela manhã e isolado em um quarto. Tem horas que dá vontade de gritar bem alto, dar pulos e correr por um imenso corredor até cair de cansaço. Parece que tenho súbitas doses de surto no decorrer do dia, tenho que ocupar minha mente em alguma compulsão, a minha atual é a masturbação - que é melhor do que cigarros.

Não estou com boa motivação e não me sinto com uma boa concentração e memória, estou me sentindo burro como há uns meses atrás quando eu tomava Cobavital e ficava dopado. Agora é a confusão que não me deixa estudar. Eu sinto o tempo inteiro que tenho que colocá-la pra fora, mas eu não sei como,  se as palavras não abrangem a totalidade do todo, como expressar esse "todo" que eu vivi? ele ficou preso como num kairós ou ele é revivido pela minha mente a cada conflito? Mas o corpo também esta tentando expressar a dor, esse "todo", ele se recusa a comer, dormir, fazer tarefas, é como se ele dissesse que é impossível não estar consonante com a mente. Lembro de Pavlov nessas horas.

Eu não quero mais me aproximar da normalidade, ela não é mais a minha meta, não quero mais ser o bom garoto. Essa postura tem me ajudado a gostar de mim, parece que um mundo de possibilidades se abriu, agora posso usar drogas e ser bastante depravado e continuar tendo valor, deve ser porque quebrei alguns tabus que eu tinha. Mesmo assim, eu ainda não me basto, eu quero estar sempre bonito e rodeado de atenção, para assim controlar a minha vida. É uma coisa tão idiota e um mecanismo tão complicado, é tudo para certificar a mim mesmo que eu existo. Eu conheci novas pessoas, novas perspectivas e me sinto quase obrigado a ser como elas, muito embora eu tenha identificações com essas pessoas, eu sou totalmente mais complexo que elas, sou mais próximo dos meus traumas e das minhas fantasias do que do mundo concreto, ou da visão coletiva-racional que todos se aproximam. Essa minha loucura é tão solitária que não me identifico nem com "a loucura institucionalizada", parece que eu não existo em lugar nenhum, o que eu faço é tentar existir, procurar lugares, pessoas, ambientes e novas identidades para vestir - depois de achados eu assumo outra identidade.

Ando vivendo uma coisa se não sei se virou um papel ou se sou realmente verdadeiro, eu não sei diferenciar porque eu sinto as emoções, também incluo traços inseparáveis por serem meus - e não se separam em um papel.
Acho que eu vivo em filmes, representando, e isso é real porque incorporo o personagem, vivo ele, sou ele, sou tomado por ele como numa possessão e acredito ser ele, até que o mundo desaba e eu fico sem saber quem sou eu quando me afasto do papel. Isso me desespera totalmente.

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